Considerações Iniciais
O eixo legislativo configura-se como a espinha dorsal da Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Terapêuticas Acolhedoras (CTAs), sendo o pilar de sustentação normativa e política das ações destinadas a tais instituições. A ausência de um arcabouço jurídico sólido, coerente e atualizado fragiliza a atuação das CTAs, gerando insegurança jurídica, instabilidade normativa e déficit de reconhecimento estatal. Essa fragilidade repercute diretamente na continuidade dos serviços prestados e, por consequência, no processo de recuperação e reintegração social das pessoas acolhidas.
Dessa forma, o eixo legislativo assume função estratégica e estruturante, assegurando às CTAs legitimidade institucional no âmbito da rede de atenção psicossocial e o seu reconhecimento como atores complementares e indispensáveis às políticas públicas de saúde, assistência social e segurança cidadã.
Dimensões da Atuação Legislativa
A atuação legislativa da Frente é organizada em três dimensões complementares, a saber: proposição, monitoramento e aperfeiçoamento normativo.
Proposição
A dimensão propositiva compreende a formulação e apresentação de proposições legislativas inovadoras, com vistas à criação de novos direitos e à ampliação de benefícios já existentes para as CTAs. Essa atuação requer não apenas a formalidade da proposição, mas também a conjugação de estudos técnicos, diálogo político e aderência às demandas sociais e institucionais.
As proposições devem contemplar mecanismos de sustentabilidade administrativa, financeira e operacional, destacando-se:
- Instituição de fundos específicos voltados ao financiamento de projetos terapêuticos, garantindo previsibilidade e continuidade no custeio, e reduzindo a dependência exclusiva de doações eventuais.
- Concessão de incentivos fiscais a pessoas físicas e jurídicas que aportem recursos às CTAs, com vistas a fomentar o investimento social privado de forma sistemática e atrativa.
- Regulamentação uniforme de convênios com entes federativos (União, Estados e Municípios), assegurando repasses públicos contínuos, com regras de transparência e controle social.
- Inserção das CTAs em políticas públicas estruturantes – saúde, assistência social, educação e segurança pública – reconhecendo o seu papel estratégico na redução de danos sociais e no enfrentamento da dependência química.
Como exemplo, destaca-se a proposta de criação do Programa Nacional de Apoio às Comunidades Terapêuticas (PNCTA), inspirado em legislações como a Lei de Incentivo ao Esporte e a Lei Rouanet, permitindo que contribuintes destinem parte de seus tributos a projetos credenciados de CTAs.
Monitoramento
A dimensão do monitoramento refere-se à análise sistemática e contínua das proposições legislativas em tramitação nas Casas Legislativas Federais que possam impactar, de forma direta ou indireta, o funcionamento das CTAs.
Esse acompanhamento possui duas finalidades centrais:
- Prevenção de retrocessos normativos, evitando a aprovação de dispositivos que possam restringir ou fragilizar a atuação das CTAs, seja por desconhecimento técnico ou por viés ideológico.
- Aproveitamento de oportunidades legislativas, identificando proposições de áreas correlatas (saúde, segurança pública, políticas sobre drogas) que possam incluir dispositivos de fortalecimento das CTAs.
A Frente, nessa perspectiva, atua como órgão de vigilância legislativa, elaborando pareceres técnicos, propondo emendas e articulando-se com parlamentares e bancadas temáticas, de forma a assegurar a defesa permanente dos interesses do setor.
Aperfeiçoamento Normativo
O aperfeiçoamento normativo tem por finalidade a revisão, atualização e consolidação das normas vigentes. Muitas legislações aplicáveis às CTAs foram elaboradas em contextos sociais ultrapassados, não contemplando as complexas demandas contemporâneas relacionadas ao fenômeno da dependência química.
A evolução do perfil dos acolhidos – que atualmente abrange desde adolescentes em situação de vulnerabilidade até adultos em reincidência – evidencia a necessidade de ajustes legislativos que considerem também questões de saúde mental, violência doméstica, exclusão social e desemprego.
Assim, a Frente atua no sentido de:
- Eliminar lacunas normativas, suprindo vazios jurídicos que comprometem a efetividade das ações.
- Corrigir distorções legais, adaptando dispositivos desatualizados à realidade atual.
- Assegurar eficiência e clareza normativa, facilitando a operacionalização das CTAs.
Defesa dos Direitos Fundamentais dos Acolhidos
O eixo legislativo desempenha, ainda, a função de garantir a observância dos direitos fundamentais dos indivíduos acolhidos, em estrita conformidade com a Constituição Federal e seus princípios estruturantes:
- Dignidade da pessoa humana.
- Direito à saúde.
- Proteção integral à criança e ao adolescente.
- Igualdade de gênero e respeito à diversidade.
O ordenamento jurídico deve assegurar que o acolhimento em CTAs seja voluntário, humanizado e isento de práticas abusivas, preservando sua essência terapêutica e educativa.
Nessa perspectiva, a Frente alinha-se a dispositivos normativos como:
- Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) – que prevê medidas de atenção, cuidado e reinserção social do dependente.
- Lei nº 10.216/2001 (Lei da Reforma Psiquiátrica) – que estabelece a política de atenção psicossocial e proteção de direitos no campo da saúde mental.
- Diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) – que reforçam a importância do tratamento voluntário e da reinserção social.
Sustentabilidade Financeira e Administrativa
A garantia de direitos deve ser acompanhada da criação de condições concretas de sustentabilidade institucional. Para tanto, o eixo legislativo fomenta a aprovação de medidas que ampliem o acesso das CTAs a recursos públicos e privados, entre as quais:
- Convênios com o Sistema Único de Saúde (SUS), assegurando custeio contínuo de vagas de acolhimento.
- Inclusão em programas federais, estaduais e municipais, fortalecendo a rede protetiva.
- Participação em fundos setoriais de saúde, assistência social e segurança pública.
- Reconhecimento de imunidades tributárias (Lei Complementar nº 187/2021), conferindo às CTAs maior capacidade de investimento em atendimento e infraestrutura.
Desburocratização e Simplificação de Processos
Considerando os obstáculos representados pela burocracia administrativa, o eixo legislativo também se ocupa de propor normatizações simplificadas e transparentes, objetivando:
- Facilitar processos de credenciamento e fiscalização.
- Ampliar a acessibilidade das CTAs a editais e recursos governamentais.
- Reduzir entraves administrativos que desviam esforços institucionais do acolhimento terapêutico para demandas excessivamente burocráticas.
Articulação Política e Incidência na Agenda Nacional
O eixo legislativo articula-se ainda com a dimensão política, garantindo às CTAs presença institucional na agenda pública nacional. Essa articulação ocorre por meio do diálogo com:
- Frentes parlamentares temáticas (saúde, assistência social, segurança pública, família e juventude).
- Órgãos do Poder Executivo, em todos os níveis federativos.
- Organizações da sociedade civil e conselhos de políticas públicas, fortalecendo a governança participativa.
Essa inserção assegura às CTAs o reconhecimento como parceiras estratégicas do Estado, com papel ativo no enfrentamento da dependência química.
O eixo legislativo da Frente Parlamentar constitui-se no núcleo estratégico de defesa, sustentação e expansão das CTAs no Brasil.
Por meio da proposição de novas legislações, do monitoramento ativo da agenda parlamentar e do aperfeiçoamento contínuo do marco normativo, a Frente busca assegurar às Comunidades Terapêuticas condições jurídicas e institucionais para desempenharem sua função social.
Mais do que assegurar a existência legal das CTAs, a atuação legislativa objetiva fortalecer sua sustentabilidade, ampliar sua legitimidade e garantir que cada acolhido encontre dignidade, esperança e oportunidade de reintegração social.
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Orçamento
Dep. Ronaldo Nogueira
Deputado federal pelo Rio Grande do Sul em diferentes legislaturas, retornou à Câmara em 2023. Administrador de formação e pastor evangélico, construiu sua trajetória na política municipal e estadual antes de assumir cargos nacionais. Foi Ministro do Trabalho entre 2016 e 2017, período em que teve papel ativo na modernização das relações trabalhistas. No Parlamento, é reconhecido pela defesa da cidadania, do fortalecimento das políticas sociais e de pautas ligadas à valorização do trabalho e da família.
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